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Ansiedade: como lidar?

  • Foto do escritor: Marta Temporão
    Marta Temporão
  • 1 de mai. de 2020
  • 4 min de leitura

A ansiedade é bastante comum e, até um determinado nível, é benéfica para o desenvolvimento pessoal, designada habitualmente como ansiedade adaptativa. Porém, podem existir alturas em que não se consegue gerir a ansiedade, o que terá impacto no dia-a-dia.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (2017), em 2015, 3.5% da população global sofria de ansiedade. Outras investigações apontam que, um em cada cinco portugueses sofre de uma perturbação psiquiátrica, sendo a mais frequente (16.5%) a perturbação da ansiedade (SPPSM, 2016).

Existem vários tipos de distúrbios de ansiedade, como são exemplos as perturbações de pânico, fobia e Distúrbio Generalizado de Ansiedade (DGA), que é o mais comum (APA, 2014).

Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), a DGA caracteriza-se pela presença de ansiedade excessiva ou imensa preocupação sobre diversas matérias, por exemplo trabalho, durante pelo menos 6 meses. É difícil de controlar, e é acompanhada com, pelo menos, 3 dos seguintes sintomas físicos ou cognitivos:

  • Nervosismo ou inquietação;

  • Cansaço fácil, mais do que o habitual;

  • Dificuldade de concentração;

  • Irritabilidade;

  • Aumento de dores musculares;

  • Problemas de sono (APA, 2014).

Importa referir que este problema pode ser vivido por todas as pessoas, em qualquer momento da sua vida. Durante a vida adulta, a preocupação exagerada pode ter que ver com o trabalho, problemas financeiros, entre outros, enquanto nas crianças está mais associado, por exemplo, ao desempenho escolar (Glasofer, 2020).

Para as pessoas que padecem deste problema, é importante adotar estratégias que as ajudem a superar, como sejam:

  • manter o relacionamento com os outros, já que o isolamento pode agravar a ansiedade;

  • aprender a gerir o stress, por exemplo, delegando algumas tarefas a outros e pausando atividades que estejam na génese da DGA;

  • praticar técnicas de relaxamento, o que poderá ser bastante útil para controlar os inícios dos ataques de ansiedade, se a pessoa conseguir antevê-los;

  • descansar o suficiente, dado que a privação do sono pode agravar este problema;

  • controlar as substâncias que podem aumentar a ansiedade, como a nicotina, álcool ou cafeína (Smith, Robinson & Segal, 2019).

Em paralelo, a maioria das pessoas que sofrem de perturbações da ansiedade podem ser ajudadas por profissionais de saúde, sendo que as abordagens de tratamento podem ser:

  • Psicoterapia - Há diferentes opções para a terapia como é exemplo a terapia cognitivo-comportamental, que passa pela identificação e compreensão do pensamento e comportamento e pela mudança do mesmo (ADAA, 2018; NIMH, 2018). Outro exemplo é a arte-terapia, que consiste num processo criativo de autoexpressão para melhorar a visão pessoal e desenvolver novas formas para enfrentar as situações adversas (ADAA, 2018; Cherry, 2019; NIMH, 2018).

  • Medicação – tem o objetivo de aliviar sintomas. Ainda que a medicação seja uma forma de tratamento, esta é mais eficaz se conjugada com outras opções. As opções neste âmbito passam pelos inibidores de recaptação da serotonina (SSRIs), inibidores seletivos de recaptação da serotonina e noradrenalina (IRSNs), benzodiazepinas, entre outros. A serotonina e a noradrenalina são neurotransmissores comumente associados à regulação de humor (ADAA, 2018). Todos os medicamentos destes grupos farmacológicos têm efeitos secundários e os utentes devem ser alertados do mesmo. O aconselhamento deve ser feito pelo médico. (para mais detalhes consultar Quadro 1)

  • Tratamentos alternativos e complementares - têm-se mostrado muito eficazes em complementaridade com outras terapias. Em estados iniciais de ansiedade podem ser eficazes de forma isolada. Neste âmbito, as opções podem ser a acupuntura, Yoga, meditação ou outro tipo de exercício (ADAA, 2018). Alguma revisão da literatura aponta que a prática de exercício físico pode ser tão eficaz como as outras formas de tratamento, na redução da ansiedade (Bond et al, 2020).

  • Estimulação magnética transcranial – É outra forma de tratamento não invasiva e segura, eficaz em pessoas onde a medicação não cumpre o efeito. É criado um campo magnético para induzir uma pequena corrente elétrica, que estimula células nervosas numa parte específica do cérebro, neste caso a reguladora de humor (ADAA, 2018).

Em suma, os distúrbios de ansiedade generalizada são um problema real que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, pelo que não deve ser descurado. É necessário estar alerta aos sinais e contribuir positivamente para o tratamento deste problema.


Quadro 1 – Resumo das características de cada grupo farmacológico (ADAA, 2018; Glasofer, 2020)

Referências bibliográficas:

American Psychiatric Association [APA]. (2014). Manual diagnóstico e estatístico de transtorno DSM-5. Porto Alegre: Artmed. xliv, 948. ISBN 978-85-8271-088-3

Anxiety and Depression Association of America [ADAA]. 2018. Facts & Statistics. Retrieved from https://adaa.org/about-adaa/press-room/facts-statistics

Bond, G., Stanton, R., Wintour, S., Rosenbaum, S., Rebar, A. (2020). Do exercise trials for adults with depression account for comorbid anxiety? A systematic review: Mental Health and Physical Activity 18.

Cherry, K. 2019. How Art Therapy Is Used to Help People Heal. Retrieved from https://www.verywellmind.com/what-is-art-therapy-2795755

Glasofer, Deborah. (2020, April 3). Generalized Anxiety Disorder: Symptoms and Diagnosis. Retrieved from https://www.verywellmind.com/dsm-5-criteria-for-generalized-anxiety-disorder-1393147

INFARMED. 2017. Benzodiazepinas e análogos: Direção de Informação e Planeamento Estratégico. Retrieved from https://www.infarmed.pt/documents/15786/2219894/Utliliza%C3%A7%C3%A3o+de+Benzodiazepinas+e+an%C3%A1logos/adb100fa-4a77-4eb7-9e67-99229e13154f

National Institute of Mental Health [NIMH]. (2018, July). Anxiety Disorders. Retrieved from https://www.nimh.nih.gov/health/topics/anxiety-disorders/index.shtml#part_145338

Smith, M., Robinson, M. and Segal, J. 2019. Anxiety Disorders and Anxiety Attacks. Retrieved from https://www.helpguide.org/articles/anxiety/anxiety-disorders-and-anxiety-attacks.htm

Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental [SPPSM]. 2016. Perturbação Mental em Números. Retrieved from https://www.sppsm.org/informemente/guia-essencial-para-jornalistas/perturbacao-mental-em-numeros/

World Health Organization [WHO]. (2017). Depression and Other Common Mental Disorders: Global Health Estimates. Retrieved from https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/254610/WHO-MSD-MER-2017.2-eng.pdf

 
 
 

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