DPOC – conhecer a doença
- Marta Temporão
- 9 de set. de 2020
- 3 min de leitura
A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) é uma doença inflamatória crónica que se desenvolve nos pulmões e causa dificuldade em respirar, já que há bloqueio do fluxo de ar.
Estima-se que a prevalência de DPOC, em Portugal, seja de 14.2% em pessoas com 40 ou mais anos (Bárbara, Portugal & Gomes, 2016). Em 2010, a DPOC foi responsável por 3 milhões de mortes em todo o mundo e prevê-se que em 2030 seja a quarta maior causa de morte (Crooks, et al., 2018).
Os sintomas desta doença incluem:
dispneia (dificuldade em respirar);
tosse;
expetoração;
pieira;
aperto no peito;
infeções respiratórias frequentes;
perda de energia;
entre outros.
A DPOC inclui enfisema (lesão nos alvéolos pulmonares) e bronquite crónica (inflamação de toda a via aérea, caracterizada por tosse diária e expetoração), que podem ocorrer em simultâneo e podem variar em severidade entre pacientes (MAYO CLINIC, 2020; NHS, 2020).
As pessoas com DPOC têm maior risco de desenvolver infeções respiratórias, doenças do foro cardíaco, cancro do pulmão, depressão, entre outros (MAYO CLINIC, 2020).
Os fatores de risco para o desenvolvimento da doença são:
Exposição a fumo do tabaco;
Asma;
Exposição a fumo proveniente da queima de combustível;
Exposição a poluentes aéreos (pó);
Fatores genéticos.
Nos países desenvolvidos, a DPOC está mais associada ao consumo de tabaco. No caso dos países em desenvolvimento, associa-se à exposição das pessoas ao fumo produzido pela queima de combustível para cozinhar e para aquecer as casas (MAYO CLINIC, 2020).
É uma doença prevenível e, embora seja uma doença progressiva, cujos sintomas tendem a agravar ao longo do tempo, é também uma doença tratável. A gestão apropriada da doença pode ajudar a controlar os sintomas e a melhorar a qualidade de vida.
A prevenção passa pelo seguinte:
Evitar fumar ou mesmo interromper a prática, caso a DPOC já tenha sido diagnosticada.
No caso de exposição ocupacional a fumos e poeiras, devem ser utilizados equipamentos de proteção respiratória.
Podem ser estratificados grupos de risco A, B, C e D, considerando uma avaliação combinada da DPOC com base em sintomas, classificação espirométrica e risco futuro de exacerbações (em que a existência de duas ou mais hospitalizações devido à exacerbação de DPOC se considera critério de risco elevado). As exacerbações são episódios de agravamento dos sintomas, onde estes se tornam piores que o habitual e persistem durante vários dias (MAYO CLINIC, 2020).
Considera-se que um doente pertence ao grupo A se mostrar baixo risco de exacerbações e poucos sintomas, e ao grupo D no cenário oposto (Direção Geral de Saúde, 2013).
Os grupos C e D, como apresentam mais exacerbações, necessitam de maior acompanhamento clínico. Independentemente do estadio, o tratamento mais eficaz é deixar de fumar, como referido anteriormente. Em estadios mais avançados, o tratamento medicamentoso aconselhado pretende controlar sintomas, abrandar a progressão, reduzir o risco de exacerbações e melhorar a capacidade de a pessoa se manter funcional (MAYO CLINIC, 2020).
O tratamento pode ser com base em:
Inaladores – no caso de a DPOC afetar a respiração, os broncodilatadores de curta (ex. salbutamol) ou longa (ex. salmeterol) ação podem ser utilizados. Também podem ser utilizados inaladores que contenham corticosteroides, embora não sejam de primeira linha.
Comprimidos – se a DPOC não estiver a ser controlada com inaladores, podem ser aconselhados comprimidos broncodilatadores (ex. teofilina), mucolíticos (ex. aceticistaína) que ajudam a fluidificar a expetoração, entre outros.
Reabilitação pulmonar – consiste num programa específico de exercícios e educação em saúde que visa melhorar a capacidade de execução das atividades de reabilitação pulmonar, reduzindo assim os episódios de dispneia (MAYO CLINIC, 2020; NHS, 2019).
Viver com DPOC pode ser um desafio. As pessoas com DPOC podem refutar participar em atividades e evitar interações sociais com receio de terem episódios de dispneia, por exemplo, daí que o apoio seja importante.
Embora seja uma doença crónica e com tendência a evoluir, muito pode ser feito para abrandar a sua evolução.
Deixar de fumar, praticar exercício regularmente, dentro da condição possível, manter um peso saudável, evitar sítios com poeiras, fumos, produtos como laca, perfumes, e ambientadores em spray, entre outras medidas (NHS, 2019).
Felizmente, os serviços de saúde também têm evoluído no sentido de melhorar o acompanhamento desta doença, quer seja nos centros de saúde, com o acompanhamento dos doentes crónicos, como através da telemonitorização.

Referências bibliográficas:
Bárbara, C.; Portugal, A.; Gomes, E. (2016). PROGRAMA NACIONAL PARA AS DOENÇAS RESPIRATÓRIAS (PNDR) . Direção Geral de Saúde. https://www.dgs.pt/documentos-e-publicacoes/analise-dos-aces-com-oferta-de-espirometria-realizada-nos-cuidados-de-saude-primarios-em-integracao-com-a-pneumologia-hospitalar-em-2016-pdf.aspx
Crooks, M. G., Brown, T., & Morice, A. H. (2018). Is cough important in acute exacerbations of COPD? Respir Physiol Neurobiol, 257, 30-35. doi:10.1016/j.resp.2018.02.005
Direção Geral de Saúde. (2013). Diagnóstico e Tratamento da Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica. Ministério da Saúde
MAYO CLINIC. (2020). COPD. https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/copd/symptoms-causes/syc-20353679
National Health Service [NHS]. (2019). Chronic obstructive pulmonary disease (COPD). https://www.nhs.uk/conditions/chronic-obstructive-pulmonary-disease-copd/
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