Transplante renal: tratamento que é cura?
- Marta Temporão
- 8 de mar. de 2018
- 3 min de leitura
O transplante renal é um dos tratamentos para portadores de insuficiência renal crónica (Correa et al., 2013; Portal da Diálise, 2016). É considerado um excelente tratamento, no sentido em que melhora a qualidade de vida dos pacientes com Doença Renal Crónica (Gonçalves, et al., 2016). Consiste numa cirurgia na qual um rim doado é colocado num recetor (Portal da Diálise, 2016). Apesar do transplante renal ser uma modalidade terapêutica de eleição, não é a cura para a Insuficiência Renal Crónica (Santos et al., 2015). Este confere a “possibilidade de uma nova perspectiva de vida e de tratamento, o qual incluirá o acompanhamento médico contínuo, o uso de medicação imunossupressora e a adesão a um plano de cuidados que objetiva a manutenção da saúde.” (Santos et al., 2015, pp. 749).
Para que esta autogestão seja eficaz, é necessário reunir um conjunto de condições que proporcionem ao cliente todas as competências necessárias para que este assuma controlo da sua condição. Após o transplante é necessário cumprir o regime medicamentoso, que inclui imunossupressores, e adotar cuidados que permitirão manter níveis positivos de saúde. Existem outras adaptações que o transplantado deve passar, nomeadamente, adaptações às atividades de vida diária e sociais (Santos et al., 2015).
Dando ênfase aos fármacos imunossupressores, estes visam prevenir a rejeição aguda e crónica por parte do recetor, a qual é a mais comum entre as complicações pós-transplante (Correa, et al, 2013), e devem ser tomados durante toda a vida, embora em doses menores, em comparação com as iniciais (Gonçalves, et al., 2016).
Nestes casos, a imunossupressão pode ser classificada como terapia de indução, de manutenção e como tratamento da rejeição (Lerma, 2011).
Falando da terapêutica imunossupressora que deve ser mantida após o transplante (Lerma, 2011), tratamento de manutenção, este atua como profilaxia da rejeição do transplante alogénico (Infarmed, 2016). A terapêutica de imunossupressão de manutenção é composta por corticosteroides, inibidores da calcineurina, agentes antimetabólicos, como a azatioprina ou micofenolato mofetil, e inibidores da rapamicina, como é exemplo a rapamicina ou o everolimus (Lerma, 2011).
O facto de os transplantados requererem terapêutica imunossupressora torna-os mais sensíveis aos agentes patológicos (Correa et al., 2013).
As infeções mais comuns no primeiro mês pós-transplante são de origem bacteriana, e as mais frequentes são no trato urinário. A forma de prevenção e de redução do risco de desenvolver infeção são a remoção do cateter urinário o mais precoce possível e a profilaxia antibiótica, como sulfametoxazol-trimetropina ou ciprofloxacina (Lerma, 2011).
Podem surgir infeções por vírus imunomoduladores, sendo estas mais comuns depois do primeiro mês após o transplante, dado o estado de imunossupressão (Lerma, 2011). Os ciclos repetidos de antibioterapia e de corticosteroides elevam o risco de desenvolver infeções por fungos e as infeções pelos vírus imunomoduladores aumentam o risco de infeções oportunistas (Infarmed, 2016; Lerma, 2011).
Dada a importância de manutenção desta terapêutica, sabendo que existem alguns riscos associados, como a suscetibilidade à infeção, é deveras importante que o enfermeiro atue no sentido de ajudar os clientes a aderirem ao regime medicamentoso.
O enfermeiro deve fazer preparação para a alta desde os primeiros dias de internamento enfatizando a importância da medicação, esclarecendo dúvidas e informando sobre os cuidados a ter perante os efeitos secundários. Também as consultas pós-transplante têm importância porque permitem perceber se a adesão ao regime terapêutico se mantem ao longo do tempo. Importa incluir os familiares ou pessoas significativas neste processo de educação.
GONÇALVES, Pedro, et al.. A Adesão à Terapêutica Imunossupressora na Pessoa Transplantada Renal: Revisão Integrativa da Literatura. Revista de Enfermagem Referência. 2016, vol. 4, sup. 8, pp. 121-131.
CORREA, Ana, et al.. Complicações durante a internação de receptores de transplante renal.
Revista Gaúcha Enfermagem. 2013, vol. 34, sup. 3, pp. 46-54.
PORTAL DA DIÁLISE. O que é um transplante Renal? [Em linha]. 2016 [consult. 19 setembro
2016]. Disponível em: https://www.portaldadialise.com/portal/o-que-e-um-transplanterenal
SANTOS, Biana, et al.. Consequências atribuídas ao transplante renal: técnica dos incidentes
críticos. Texto Contexto Enfermagem. 2015, vol. 24, sup. 3, pp. 748-755.

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